janeiro 07, 2009

CAPÍTULO IX


©®ÍS ♫ “DOUTOR COM “DR” MAIÚSCULO”

É fácil perceber que cada um de nós nascemos com um Dom, não importando o meio social.
Quantas e quantas vezes deparamos com pessoas analfabetas, pobres de coisas materiais, sem nenhuma cultura geral e, no entanto, fazem coisas que a gente fica de queixo caído: - Puxa, como é que ele fez isso? Aonde ele aprendeu? Como ele teve essa idéia brilhante?
Tenho certeza que vocês já conheceram pessoas assim. Todos nós somos dotados de inteligência e, o mais importante é aprender a lidar com ela de uma maneira útil, séria, com responsabilidade e respeito.
Se observarmos bem o ser humano vamos compreender que de nada adianta uma pessoa ser super culta, com inúmeros títulos, bacharéis, mestres, e outros.
Ao longo de minha vida aprendi que, se não usarmos bem nossos talentos, de nada servirá os cursos que fizermos ou o número de títulos adquiridos.
É lógico que as pessoas têm que sobreviver e será necessário, para tanto, que tenham um trabalho remunerado.
O trabalho em troca do dinheiro é extremamente importante para termos uma vida digna. Passamos a nossa vida lutando sempre para ter uma posição cada vez melhor dentro da sociedade.
Mas, infelizmente, existem pessoas que, ao adquirir esses títulos, esquecem de ser gente.
Perdem a humildade e, se já foram pobres, muitas vezes esquecem ou fingem que não lembram o que passou.
Muitos trocam seu Dom por uma profissão mais rentável e, como consequência, temos um indivíduo com certa graduação mas sem estar realmente capacitado. Muitas dessas pessoas não sentem amor pelo seu trabalho; passam a ser pessoas frustadas, recalcadas e, ao invés de progredirem acabam regredindo.
Na minha concepção, doutor com DR maíúsculo são pessoas que usam bem o seu talento, seus conhecimentos, seu aprendizado e, terem a grande satisfação de ver seu trabalho concretizado.
É como colher, todos os dias, os frutos que brotaram das sementes que plantamos, sem dúvida alguma.
A dona de casa, quando prepara a refeição para sua família com vontade, carinho, procurando a cada dia um tempero mais gostoso é, sem dúvidas, uma doutora de forno e fogão.
Ela pode ser uma analfabeta, mas tem paladar, o cheiro da comida lhe é inconfundível, suas mãos trabalham procurando, a cada dia, a perfeição.
Compensa a sua falta de estudos com um dos seus talentos.
Para mim, sem dúvida alguma, essa pessoa é uma Doutora da cozinha, é uma mestra e tanto.
E aquela faxineira então! Não consegue limpar todos os cômodos no mesmo dia, mas onde coloca sua mão, deixa um brilho, sua marca; se tornar muitas vezes, imprescindível naquilo que faz. Enquanto trabalha, carrega o seu radinho e cantarola o tempo todo. No fim do dia está toda quebrada, mas se orgulha e se sente feliz depois do seu trabalho realizado. Ganha pouco e daí?
Não sabe falar direito, e daí? Está banguela e maltratada, e daí?
Não deixa de ser uma doutora com o DR maiúsculo.
Não tenho a intenção, de maneira alguma, de desmerecer aqueles que estudaram tantos anos, investindo a sua vida para aprender, pesquisar e encontrar caminhos mil inéditos para servir a toda a humanidade.
Desenvolve o seu raciocínio, aperfeiçoa o seu talento, sua inteligência, passa por vários testes e situações estressantes para se tornar O MELHOR DA SUA ÁREA.
Muitas vezes esquece do seu “eu”, em prol da humanidade.
Para chegar a ser Doutor, se doou ao máximo, fez o possível e o impossível para se aprimorar.
É lógico que não seria justo se não reconhecêssemos toda a sua dedicação ao longo da vida.
Mas, a cada hora que passa, chego à conclusão que, de qualquer maneira é uma questão “sinequanon” que o homem ame o que faz, use seu talento e procure sempre pela perfeição.
Para mim, aquele que não age dessa maneira não merece jamais ser chamado de doutor.
E aqueles que não têm a humildade de reconhecer que erraram e de fazer de novo a mesma tarefa , até acertar.
Aquele velho ditado de que é errando que se aprende é esquecido, principalmente por falta desse ingrediente chamado de HUMILDADE.
Fui criada pelos meus avós maternos, pois meus pais se seraparam quando eu tinha mais ou menos seis anos de idade.
Meu avô era jardineiro, minha avó era lavadeira e minha mãe, costureira.
Meu avô aprendeu a escrever, na roça, usando como lápis pedaços de carvão e as pedras como seu caderno.
No entanto, foi ele quem me ajudou nas tarefas escolares, principalmente nos problemas de matemática.
Construiu sua própria casa; fez o projeto e precisou apenas lde profissionais, como engenheiros, para assinar em baixo.
Era polivalente: jardineiro, construtor, engenheiro e eletricista sem diploma, pintor, encanador, pedreiro, faxineiro, etc.etc.etc., mas, no entanto, tinha uma capacidade fora do comum.
Minha avó lavava roupas para as famílias mais importantes da cidade e, no entanto, era analfabeta. Costumava guardar as moedinhas do troco do pão e sabia economizar e administrar como ninguém. Tinha um senso de humor fantástico e uma sabedoria sem igual. Nunca a vi de mal com a vida, nem reclamando se tinha ou não alguma coisa. Nunca escolheu uma calcinha (meu avô é que comprava), nunca foi vaidosa e conheceu a ambição.
A resignação, humildade, paciência, humor, amor e dedicação eram suas maiores virtudes e sua família era o seu tesouro.
Eu, minha mãe e meu irmão fomos acolhidos por eles e nunca nada nos faltou.
Tanto eles como minha mãe foram o meu orgulho. Não estudei em colégios particulares, não tive orientação nenhuma em relação à política, trabalho e profissão mas, no entanto, com 18 (dezoito) anos já era FUNCIONÁRIA CONCURSADA da PRODESAN – Progresso e Desenvolvimento de Santos S/A e também ARRIMO DE FAMÍLIA.
Recebi, com certeza, uma educação maravilhosa, sem igual.
No meu ponto de vista, meus avós e pais não eram formados, não tinham títulos, mas usavam muito bem os seus talentos. Fui uma privilegiada; meu avô, para mim, era o meu ídolo, um Doutor e tanto; minha avó era minha alegria e minha mãe era, sem dúvidas, uma artista e uma super educadora.
Tive liberdade total para tudo e, no entanto, aproveitei, errei, aprendi como qualquer filha de Doutor.
Nada, absolutamente nada me faltou.
Tive a oportunidade de conhecer e conviver com diversos doutores, os quais usavam e usam seus dons com maestria.
Também penso que não devemos guardar e entesourar tudo o que aprendemos. Acho que temos que passar os nossos conhecimentos para outros.
Somos orientados, frequentemente que, quando sabemos algo que outros não sabem, o melhor é guardar para si mesmo, pois dessa maneira nos tornamos insubstituíveis naquela tarefa. É assim que funciona a vida nessa nossa Selva de Pedra.
Gente! Aceitar isso para mim é impossível.
É, sem dúvida, inconcebível aceitar essa atitude egoísta, mesquinha, cruel.
Como dizem meus filhos: Nada a ver, mãe! Você está viajando!
Esse modo de pensar e esse caminho a percorrer é uma tarefa muito difícil e fora da real nos dias de hoje.
É lógico que é bem mais cômodo seguir um caminho onde não exista ladeira, pedregulhos, muros e outros obstáculos quaisquer.
Mas querem saber! Preferi seguir o caminho mais longo e mais difícil e, muitas vezes o meu idealismo imperava e não havia possibilidades de escolher o que parecia ser melhor e mais fácil.
O fato de nada ter sido fácil, não fez de mim uma pessoa complexada, amarga, excluída.
Acho que não.
Apesar de no momento estar numa posição limitada, em desvantagem, me considero uma “PESSOA COM VISÃO”.
Tento ocupar meu tempo e meus pensamentos com coisas úteis, aproveitando cada momento de minha impotência.
Procuro dentro de mim vários outros talentos para usar, explorar e divulgar.



"SEJA UM DOUTOR DE VERDADE USANDO MELHOR OS SEUS TALENTOS"

Capítulo do Livro "Meus Quinze Metros Quadrados" - Relatos de uma Fibromiálgica

Nenhum comentário: